Hipertensão arterial em idosos

Hipertensão arterial em idosos

A hipertensão arterial pode ser considerada um dos problemas de saúde mais recorrentes em todo mundo. No Brasil, estimativas do Ministério da Saúde apontam que 38 milhões de pessoas sejam hipertensas no país.

Dados indicam que os índices de hipertensão aumentam anualmente. Conforme a OMS, um em cada quatro homens desenvolvem a doença, enquanto nas mulheres a proporção é uma a cada cinco. E um dos principais fatores que contribui com estes resultados é o envelhecimento populacional.

O que é a hipertensão arterial?

A hipertensão arterial (também conhecida como pressão alta) é uma condição em que ocorre um aumento acima do normal na pressão que o sangue exerce nas paredes das artérias (pressão arterial).

A hipertensão arterial é uma doença silenciosa e que não costuma apresentar sinais ou sintomas de alerta, o que faz com que grande parte da população afetada não saiba que possui a doença. A falta de um tratamento adequado transforma a hipertensão arterial em um fator muito importante para o aumento no desenvolvimento de outras desordens, como doenças cardíacas, cerebrais e renais, constituindo uma das principais causas de morte no mundo.

O nosso coração funciona como uma bomba, que bombeia o sangue para as artérias, distribuindo-o para todo o corpo. Esse movimento de saída do sangue do coração é resultado da contração do músculo cardíaco, chamado também de sístole. Para que o sangue retorne ao coração, é necessário que o mesmo relaxe (diástole), permitindo assim a entrada de sangue. Esse ciclo de entrada e saída de sangue do coração é o que nos mantém vivos, pois permite que os tecidos do corpo sejam irrigados pela corrente sanguínea, que leva o oxigênio necessário para manter o funcionamento das nossas células.

No entanto, essa movimentação sanguínea só é possível devido à pressão do sangue exercida na parede dos vasos. Se não houver pressão suficiente, por exemplo, o sangue não consegue retornar ao coração, prejudicando a eficiência cardíaca. A pressão exercida na contração do coração para a saída do sangue é chamada sistólica ou máxima. Já a pressão que ocorre no enchimento do coração relaxado recebe o nome de diastólica ou mínima. A pressão arterial é medida em milímetros (mm) de mercúrio (Hg), considerados normais os valores de 120 (sistólica) por 80 (diastólica) mmHg ou popularmente conhecida como “12 por 8”.

É importante sabermos que a pressão arterial não é estática e varia ao longo do dia. Por exemplo, no repouso ou em uma pessoa deitada ela fica mais baixa. Por outro lado, os valores sobem quando nos movimentamos ou fazemos exercícios físicos. O grande problema é quando a pressão arterial permanece elevada de forma constante. A pessoa é considerada hipertensa quando sua pressão fica maior ou igual a 14 por 9 mmHg na maior parte do tempo. A partir desse limite, o risco de ocorrerem doenças cardiovasculares, renais entre outras, é significativamente maior.

Hipertensão arterial em idosos

Como mencionado anteriormente, o avanço da idade contribui muito para o aumento da incidência da hipertensão. Dados da Comissão Europeia demonstram que a Europa possuía 27,3 milhões de pessoas acima de 80 anos em 2016, contra 20 milhões em 2006.

Nos EUA é projetado que cerca de 7,4% de sua população esteja acima de 80 anos em 2050. Já no Brasil, em 2016 o índice de idosos acima de 80 anos era de 0,69% da população, com projeções de 2,46% em 2050.

Diante deste cenário de envelhecimento populacional, infelizmente, o aumento na expectativa de vida parece não refletir em qualidade, pois muitos desses indivíduos possuem, por exemplo, hipertensão entre outros distúrbios.

Idosos apresentam quadros de aumento da pressão arterial. Obviamente, estes são resultados de um conjunto de fatores associados, incluindo a genética, hábitos de vida e pelo próprio declínio de funções fisiológicas, como o aumento do enrijecimento dos vasos arteriais.

Os vasos sanguíneos são estruturas que possuem certa elasticidade, sendo as veias mais elásticas quando comparadas as artérias. Com o avanço da idade, é muito comum que as artérias percam parcialmente essa elasticidade, impactando diretamente na pressão arterial. O fluxo sanguíneo em uma artéria “enrijecida” gera uma pressão maior na mesma, contribuindo para o aumento na pressão arterial no idoso.

Diversos fatores influenciam para o desenvolvimento dessa rigidez arterial. Com o processo de envelhecimento natural, algumas substâncias, como resíduos de cálcio, vão se depositando nos vasos sanguíneos, deixando-os mais estreitos e endurecidos. A quebra de proteínas constituintes dos vasos, como a elastina, e a deposição excessiva de colágeno, também contribuem para esse processo.

Outro fator relacionado com o aumento da pressão arterial em idosos são alterações renais. Se houver alterações no fluxo sanguíneo ou aumento na pressão nas artérias renais, os rins passam a liberar substâncias que provocam consequências fisiológicas. Nesses casos, pode ocorrer uma maior retenção de água e sódio na corrente sanguínea, o que contribui ainda mais para a elevação da pressão arterial.

Obviamente estas não são as únicas causas. A presença de outras patologias como a obesidade e o diabetes, pode provocar a hipertensão a longo prazo. A aderência a estilo de vida não saudável, como uma alimentação inadequada e rica em sódio, sedentarismo, tabagismo, o estresse e o consumo de álcool, também são fatores de risco. Tudo isso somado ao envelhecimento e declínio das funções fisiológicas do organismo são um prato cheio para o desenvolvimento de hipertensão em idosos.

Como é feito o tratamento?

Como a pressão alta é uma doença silenciosa e que geralmente não apresenta sintomas bem delineados, é imprescindível que idosos realizem consultas médicas periódicas para o acompanhamento. Assim, é possível monitorar e diagnosticar a hipertensão.

Em geral, o tratamento é realizado com medicamentos hipertensivos e a adoção de hábitos de vida saudáveis. Isso inclui a prática de atividade física e uma alimentação balanceada, especialmente pobre em sódio. Tenha em mente que consultar o médico esporadicamente e tomar apenas a medicação prescrita pode não surtir o efeito desejado. Uma pressão arterial descontrolada pode desencadear vários outros problemas de saúde! Portanto, o tratamento farmacológico deve vir acompanhado de mudanças significativas em sua rotina diária.

No entanto, essas medidas não se aplicam a todos os idosos, especialmente acima de 80 anos e que apresentem algum tipo de fragilidade. O idoso frágil não é simplesmente uma pessoa com idade avançada, mas sim, um idoso com massa e força muscular reduzida, baixa energia para as atividades cotidianas ou sensação de exaustão, que apresenta perda involuntária de peso e dificuldade na locomoção. Por esse motivo, os índices de mortalidade podem ser maiores nesses indivíduos, mesmo com intervenção farmacológica para controlar a hipertensão arterial.

Isso quer dizer que o tratamento medicamentoso deve ser diferenciado a depender do grau de fragilidade do idoso?

A resposta é sim! Ao menos é o que indica um estudo publicado na revista Circulation Research. Há uma variedade de escalas para medir a fragilidade em um paciente idoso. Entretanto, há uma vasta heterogeneidade nessas escalas. Este estudo propôs adaptar o tratamento farmacológico e não farmacológico em pacientes acima de 80 anos utilizando uma escala numérica visual de fácil aplicação que permitisse a identificação de diferentes perfis conforme o estado funcional e autonomia para as atividades de vida diária do idoso.

A abordagem numérica visual propõe três perfis, sendo o primeiro com pontuação de 1 a 3 com indivíduos com função preservada. No segundo, o score vai de 4 a 5 em que o idoso tem perda da função, mas apresenta autonomia preservada para as atividades de vida diária. No terceiro perfil, a classificação fica entre 6 a 9, com grave comprometimento funcional e perda de autonomia.

Em pessoas muito idosas qualquer intervenção deve ser tratada com cuidado e essa é a maior contribuição deste estudo. É imprescindível a avaliação das condições em que o paciente se encontra e o quanto o uso do fármaco está sendo efetivo. Por exemplo, neste estudo os pesquisadores evidenciaram que inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) parece ser a intervenção medicamentosa mais assertiva em idosos com mais de 80 anos.

Sobre as intervenções não farmacológicas para essa população, deve-se ter cautela ao aplicá-las, pois intervenções dietéticas, e de atividade física podem contribuir ainda mais para o aumento da fragilidade quando feitas sem a orientação correta.

É importante ressaltar que os resultados encontrados são baseados em dados observacionais e experiências clínicas e que mais estudos clínicos serão necessários com essa população específica.

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Referências:
Benetos, A., Petrovic, M., & Strandberg, T. (2019). Hypertension management in older and frail older patients. Circulation Research.
Danninger, K., Hafez, A., Binder, R. K., Aichberger, M., Hametner, B., Wassertheurer, S., & Weber, T. (2020). High prevalence of hypertension and early vascular aging: a screening program in pharmacies in Upper Austria. Journal of human hypertension.
Laurent, S., & Boutouyrie, P. (2020). Arterial stiffness and hypertension in the elderly. Frontiers in cardiovascular medicine.
Oparil, S., Acelajado, M. C., Bakris, G. L., Berlowitz, D. R., Cífková, R., Dominiczak, A. F., Grassi, G., Jordan, J., Poulter, N. R., Rodgers, A., & Whelton, P. K. (2018). Hypertension. Nature reviews. Disease primers.

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